O concelho de Borba, conhecido pela sua produção vinícola, deu um novo passo em direção à sustentabilidade com a criação de um produto inovador derivado de resíduos da uva, apresentados durante o III Simpósio de Moda e ITV, organizado pela Universidade Lusófona.
O projeto, que resulta da reutilização de folhas e engaços da vindima, visa impulsionar a economia local e posicionar Borba como um centro de inovação no setor da moda e design.
Sofia Dias, Vereadora da Câmara Municipal de Borba, sublinhou a importância desta iniciativa para a região. «O nosso principal objetivo é mostrar que é possível fazer algo diferente. Podemos aproveitar estas sobras da uva e do engaço, que normalmente não têm qualquer utilidade, e transformá-las em algo com valor», afirmou.
A vereadora destacou ainda o potencial do novo produto, chamado “Borba Tex”, explicando que este está em processo de patenteamento em parceria com a Universidade Lusófona. «Este é um produto que nasce aqui e queremos que fique aqui, valorizando o nome de Borba e a sua identidade», acrescentou.
A vereadora Sofia Dias reforçou a importância do envolvimento da comunidade e das empresas locais no projeto, sublinhando que o objetivo não é apenas criar um novo produto, mas também abrir portas para novas oportunidades de negócio. «O município de Borba não quer ser uma empresa, mas sim um facilitador. Queremos mostrar aos empresários locais que há aqui uma oportunidade de se destacarem, tanto a nível nacional como internacional», afirmou
O produto, uma bio-pasta semelhante ao couro, foi desenvolvido durante uma semana de investigação realizada em agosto, e desde então tem sido alvo de testes para avaliar as suas possíveis aplicações. Alexandra Cruchinho, investigadora da Universidade Lusófona e uma das responsáveis pelo projeto, explicou que o “Borba Tex” tem um grande potencial para ser utilizado em diferentes áreas. «Estamos a testar o produto em várias aplicações, desde acessórios de moda até materiais de design de equipamento. Por exemplo, já fizemos o molde de uma sola de sapato e eu própria estou a testá-la para avaliar o desgaste», revelou.
Para além do potencial técnico, o projeto também procura destacar a identidade cultural de Borba, tradicionalmente associada ao vinho, mas que agora encontra novas oportunidades no setor têxtil. «Esta é uma abordagem diferente ao que estamos habituados, mas Borba tem tudo para se diferenciar nesta área. Não temos uma indústria de confecção como o norte do país, mas temos a capacidade de criar algo único», explicou a investigadora.
O projeto já começou a atrair interesse de parceiros e há a expectativa de que, após o registo da patente, o “Borba Tex” possa ser apresentado em feiras nacionais e internacionais. «Ainda não procuramos investidores, estamos à procura de parceiros que nos ajudem a melhorar o produto e a colocá-lo no mercado», concluiu Alexandra Cruchinho, destacando a visão de longo prazo que o projeto ambiciona.