As “múltiplas facetas” do trabalho da artista Estrela Faria vão ser recordados numa exposição que vai ser inaugurada no sábado, em dois espaços culturais de Évora, divulgou hoje a Direção Regional de Cultura do Alentejo (DRC Alentejo).
A exposição, subordinada ao tema “Estrela Faria Reencontro”, vai ser inaugurada pelas 16:30 na DRC Alentejo e, meia hora mais tarde, na Biblioteca Pública de Évora (BPÉ).
De acordo com os promotores, esta exposição propõe “reencontrar a obra da artista”, que tem estado “um pouco esquecida”, dando desta forma a conhecer as “múltiplas facetas” do trabalho que desenvolveu ao longo da sua vida, os diversos temas abordados e técnicas desenvolvidas.
Estrela Faria, nome da segunda geração do Modernismo português, era natural daquela cidade alentejana, onde nasceu em 1910, e morreu em Lisboa, em 1976.
“Através desta exposição pretende-se incentivar a realização de um estudo rigoroso sobre Estrela Faria, tanto a nível nacional como internacional, nomeadamente sobre o trabalho que desenvolveu no Brasil e em Moçambique, procurando-se também que seja elaborado um inventário exaustivo da sua obra”, pode ler-se no documento.
Dada a “abrangência” da sua obra, a exposição é constituída por dois polos, estando patente ao público na Galeria da Casa de Burgos obras que evidenciam as “características polifacetadas” da artista: pintora, professora, decoradora, ilustradora, cenógrafa, vitrinista.
“Entre as obras apresentadas encontram-se estudos de trabalhos que realizou para pintura, pintura em painéis cerâmicos com várias temáticas e técnicas”, pode ler-se no documento.
Já na BPÉ será apresentado um núcleo com livros ilustrados por Estrela Faria bem como um núcleo documental que integra desenhos e fotografias da artista com múltiplas personalidades da época, em contexto profissional e social.
Esta exposição resulta de uma parceria estabelecida entre a DRC Alentejo, a Universidade de Évora, a Escola Secundária Gabriel Pereira e a Biblioteca Pública de Évora.
A mostra conta também com o apoio de familiares de Estrela Faria, de colecionadores particulares, de vários museus nacionais onde a artista se encontra representada, entre os quais o Museu Nacional do Teatro e da Dança e o Museu Nacional do Azulejo.
Esta iniciativa conta ainda com o apoio do Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo, do Instituto de História da Arte da Universidade Nova de Lisboa, da Direção – Geral do Livro e das Bibliotecas – Torre do Tombo, da Escola Secundária Rainha Santa Isabel – Estremoz.
Estrela Faria nasceu em 1910 e ao longo da sua trajetória fez a sua formação inicial na Escola Industrial e Comercial Gabriel Pereira, frequentou depois a Escola de Belas-Artes de Lisboa onde concluiu o seu curso de pintura, tendo sido discípula de Veloso Salgado.
Na sua formação destacam-se a estadia em Paris, como bolseira do antigo Instituto de Alta Cultura, e a sua passagem por várias cidades da Europa.
No seu percurso artístico trabalhou também no Brasil e em Moçambique, nomeadamente na cidade de Lourenço Marques, atual Maputo.
Lecionou na Escola Artística António Arroio e na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa.
Participou em exposições coletivas como a 25.ª Bienal de Veneza e as primeiras edições da Bienal de S. Paulo, entre outras mostras internacionais.
A sua participação na Exposição Internacional de Paris (1937), numa mostra coletiva de pintura contemporânea, foi distinguida com a Medalha de Ouro. Em 1945 recebeu o Prémio Columbano.
A sua obra encontra-se igualmente representada em coleções como as do Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian e o Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado. Os painéis do Museu de Arte Popular e da escadaria do antigo Cinema Alvalade, em Lisboa – uma alegoria ao cinema que pôde ser recuperada e manter-se no novo edifício -, estão entre as suas obras mais conhecidas.