A vacinação é a melhor solução para combater doenças nos efetivos pecuários, como o recente surto de língua azul, defendeu, em Ourique, no distrito de Beja, a diretora-geral de Alimentação e Veterinária, Susana Pombo.
“Doenças transmitidas por vetores são a nova realidade” e “não há outra forma de as encarar que não seja aplicar vacinação massivamente”, afirmou Susana Pombo durante um debate sobre sanidade animal durante o IV Congresso Luso-Espanhol de Pecuária Extensiva, que decorreu na localidade alentejana.
A febre catarral ovina ou língua azul é uma doença viral, de notificação obrigatória, que afeta os ruminantes e não é transmissível a humanos.
Em Portugal estão a circular três serotipos de língua azul, nomeadamente o BTV-4, que surgiu, pela primeira vez em 2004 e foi novamente detetado em 2013 e 2023, o BTV-1, identificado em 2007, com surtos até 2021, e o BTV-3, detetado, pela primeira vez, em 13 de setembro.
Na sua intervenção durante o congresso, que se realiza de dois em dois anos, de um lado e de outro da fronteira, a responsável pela Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) lembrou que, para fazer face a esta doença, este organismo autorizou, temporariamente, três medicamentos, dois dos quais ainda não estão disponíveis no mercado.
“Só um laboratório alemão é que colocou a vacina à venda” em Portugal e “aguardamos com muita expectativa que os laboratórios espanhóis possam colocar no nosso país a vacina que já está autorizada, para aumentar a nossa disponibilidade”, disse Susana Pombo.
A diretora-geral de Alimentação e Veterinária acrescentou que é provável que, “ainda neste mês de novembro, pelo menos um laboratório [espanhol] já tenha a vacina espanhola disponível ao mesmo tempo que a alemã” para aquisição dos produtores portugueses.
Também presente no debate em Ourique, Valentín Almansa, da Direção-Geral de Sanidade de Produção Agroalimentar e Bem-estar Animal, de Espanha, afirmou igualmente que a melhor “ferramenta” para combater a doença da língua azul “é a vacinação”.
“Não há nenhuma alternativa que seja tão eficaz e tenha uma melhor relação custo-benefício que a vacinação”, disse o responsável espanhol, lembrando que doença “causa perdas diretas” aos produtores “e restrições no mercado”.
Por isso, reforçou, “a vacinação é a melhor solução, porque evita que os animais adoeçam, permite que os animais vacinados se possam movimentar sem restrições e é a ferramenta mais barata”.
A quarta edição do Congresso Luso-Espanhol de Pecuária Extensiva decorreu em Ourique, numa organização da ACOS – Associações de Agricultores do Sul, de Beja, juntamente com a União dos Agrupamentos de Defesa Sanitária do Alentejo, as Cooperativas Agroalimentares de Espanha e a Federação dos Agrupamentos de Defesa Sanitária Ganadeira (FADSG).