Na segunda eliminatória da Taça de Portugal, o Lusitano GC recebeu o Académico de Viseu, equipa da segunda liga.
Mesmo com um desnível teórico, os alentejanos bateram-se aguerridamente para segurar um empate a uma bola até ao final dos 90 minutos e do prolongamento. Em penáltis, pendeu para o lado da equipa da casa por 3×2.
Estudos diferentes
Com uma equipa visitante bem mais rotinada a desafios mais competitivos, seria de esperar que trouxesse a “lição mais bem estudada”. Chegou com mais vontade de segurar a bola e isso refletiu-se nos primeiros momentos da partida.
Logo com uma bola ao poste, de André Clóvis, aos 3 minutos, o Académico demonstrou para o que vinha ao Alentejo. Vinham de muito longe e, ironicamente, com a equipa do Lusitano muito fechada, seria também de longe que tentava sempre “tirar a primeira nota positiva”.
Já a equipa da casa, a jogar bem mais no seguro, jogaria no erro do adversário. À espera de um mau passe, de uma falta para bombear a bola na área. Afastar o esférico da baliza de Marcelo Valverde era a ordem, marcar era o desejo de “final de semestre”.
Subir as notas
Ao passar dos minutos, ambas as táticas acabaram por se equilibrar. Os médios dos dois lados assumiram um papel mais preponderante na construção e na contenção e os flancos do Lusitano começaram a ter mais velocidade.
Houve mesmo uma “subida das notas” da equipa da casa, tanto a nível ofensivo, como a nível defensivo. Se João Pinto foi dos que se mais destacava a nível ofensivo, do outro lado do campo, Marcos Soares usava a sua velocidade para travar os ataques adversários.
Tanto subiram o “estudo”, e as linhas, que conseguiram passar o primeiro “teste”, com um golo de Cassiano, que só teve de encostar aos 29 minutos. Livre batido na direita por João Pinto perto do banco da equipa da casa, muito denunciado, mas que chegou à cabeça de Martim Águas. Ajeitou para o central, num trabalho certamente estudado.
O outro “estudante” teria agora de tentar encontrar forma de igualar “a nota” do Lusitano. A lesão de Dida aos, aos 38 minutos, poderia ajudar nesse desígnio, já que o avançado lusitanista ia sendo a referência no ataque.
Voltar ao início do ano letivo
Contudo, o equilíbrio voltou a reinar nesta “faculdade”. Quizera e Alan do lado do Académico e Alex Reis (que entrou para o lugar de Dida), passaram a dar ânimo às bancadas. Tanto Marcelo Valverde, quanto Matheus iam sendo muito solicitados.
Porém, as rotinas mais competitivas do “estudante deslocado” veio ao de cima, ainda antes do intervalo, aos 45. Com um golo de Quizera, que finalmente (pode dizer-se, pela insistência) bateu Marcelo Valverde.
A volta à estaca zero, viria a calhar para a equipa forasteira. Desta forma, a necessitar de novas ideias, o descanso iria saber tão bem como aquele café durante o estudo.
Gestão de tempo
O intervalo trouxe realmente novas ideias. Um pouco mais frescos, os jogadores de ambas as equipas demonstravam querer não se gastar em demasia, mas apostar na ousadia.
O Lusitano apostava num jogo mais presente nas alas e nos cruzamentos para o coração da área dos viriatos. Já a turma de Viseu jogava bem mais no passe, na velocidade, na assertividade e na pressão.
Ainda assim, pouco “aproveitamento escolar” para ambos os conjuntos, que para não rebentar as pernas dos jogadores, iam gerindo.
O aluno exemplar
Ao que se podia ir vendo da partida, parecia que o jogo se iria encaminhar para o pós tempo regulamentar, até mesmo pelas substituições. Porém há que destacar a prestação do “aluno” mais exemplar.
Marcelo Valverde ia sendo o homem do jogo. Certo que muito experiente, mas também foi muito pressionado durante a partida, para além dos constantes voos que foi exibindo durante os 90 minutos.
Exibição mais do que bem conseguida do guardião lusitanista. Um verdadeiro herói em muitas ocasiões.
Estudo intenso
Voltando à bola rolada, não foi claro qual era a equipa da segunda liga. Duas divisões acima do escalão do Lusitano, o Académico, que tem aspirações a subir à primeira liga, não se conseguiu impor verdadeiramente na partida. Esteve várias vezes uns patamares acima, mas nunca conseguiu ter o destaque que, provavelmente, estaria à espera.
Uma realidade que foi mais que clara. Pareceu que o Lusitano trouxe, efetivamente, a “lição bem estudada” e continuou com o “estudo intenso” durante os 90 minutos, recorrendo aos “manuais” de como bem defender a baliza à guarda Marcelo Valverde.
Quem passará no exame?
Chegado o prolongamento, o Lusitano tinha uma vantagem. Mais alterações por fazer que a equipa visitante. Algo que foi muito claro, já que logo na primeira parte houve mudanças na estrutura, passando a jogar com três centrais e com umas alas bastante fechadas.
Já na segunda, o desespero de ambas as turmas em marcar era visível. A defesa lusitanista estava muito concentrada em não sofrer, já do outro lado do campo, o próprio Alex Reis ia travando as ambições da própria equipa com sucessivos foras-de-jogo.
Em “época especial”, nas grandes penalidades o Lusitano conseguiu superiorizar-se com uma figura incontornável desta partida. Marcelo Valverde, quem mais?
Lusitano GC | Académico Viseu |
1 (x) | 1 |
Cassiano (29′) | Quizera (45′) |
Académico – Yuri Araújo; Gautier (defendido); Marquinho; Paulinho (defendido); Simão Silva (defendido).
Lusitano – Miguel Lopes; João Pinto; Kenidy;Mauro Andrade (defendido).