O Secretário de Estado do Turismo, Pedro Machado, defendeu esta quinta-feira, em Reguengos de Monsaraz, que o Alentejo e os territórios do interior devem ser reposicionados como destinos turísticos de excelência, capazes de oferecer segurança, tempo, espaço e silêncio — os que considerou ser «os novos luxos do século XXI».
A intervenção teve lugar na sessão de abertura do IV Congresso Ibérico Bandeira Azul em Praias do Interior, evento que reúne especialistas e representantes institucionais de Portugal e Espanha para debater o papel das zonas balneares interiores na sustentabilidade e coesão dos territórios.
«Durante décadas, ficámos presos à valorização das praias oceânicas. Mas hoje é tempo de reforçar a atenção aos planos de água do interior e às suas potencialidades turísticas», afirmou Pedro Machado, destacando a importância estratégica de ativos como as praias fluviais, as estações náuticas e os recursos endógenos.
Para o governante, é urgente valorizar estes territórios e alterar a perceção que ainda se mantém. «O interior foi, durante anos, visto como periférico, com menos oportunidades. Mas temos aqui um território no centro das relações com Espanha e com capacidade de atrair um turismo qualificado, que procura segurança, tempo e autenticidade», declarou.
Pedro Machado lembrou que a Península Ibérica recebeu em 2024 mais de 120 milhões de hóspedes — 31 milhões em Portugal e 94 milhões em Espanha — e considerou que os territórios do interior devem posicionar-se para captar uma fatia mais relevante desse fluxo: «Este território deixa de estar na periferia e passa a estar no meio. Precisamos de mudar o foco do nosso posicionamento turístico».
O Secretário de Estado sublinhou o papel da certificação Bandeira Azul como elemento diferenciador e gerador de valor. «Esta chancela representa qualidade. E onde há qualidade, deve haver valor — para quem visita, mas também para quem cá vive. Deve ser um ativo estratégico para atrair visitantes, fixar população e reforçar a qualidade de vida», afirmou.
A reflexão sobre a sustentabilidade marcou também a intervenção de Pedro Machado. Referiu que as alterações climáticas, o envelhecimento demográfico e a escassez de recursos hídricos exigem ação concertada. «Estamos a falar de desafios globais com impacto local. O restauro da natureza não pode ser fragmentado. É preciso uma resposta articulada e contínua em todo o território», alertou.
Pedro Machado defendeu ainda que o turismo deve ser um instrumento de coesão e de criação de valor partilhado. «É fundamental renovar a confiança das comunidades no turismo. As receitas devem chegar às pessoas e servir para transformar os territórios. Como dizia Einstein, não se usa um mapa velho para explorar um mundo novo», afirmou.
O governante concluiu deixando um apelo aos participantes do congresso: «Sejamos os primeiros embaixadores da nova perceção sobre estes territórios. Não alimentemos a ideia de que são secundários. Eles representam valor, representam futuro e merecem o nosso investimento estratégico».