Um ano e meio após ter ganho as eleições autárquicas, o presidente da Câmara Municipal de Mourão, João Fortes, veio a público dar conta de alegadas irregularidades em algumas obras inacabadas no concelho de Mourão, afirmando que “houve um excessivo laxismo ao permitirem-se adiantamentos sem que antecipadamente já estivessem concluídas as obras”.
João Fortes falava a’ODigital.pt, numa entrevista onde fez um pequeno balanço da gestão autárquica.
João Fortes começou por falar deste primeiro ano e meio de mandato, referindo que “tem sido um ano mais estável, ou seja, passou já mais de um ano e meio desde que iniciámos funções, a equipa está mais madura, os projetos felizmente estão a seguir o seu caminho, temos tido o cuidado e a astúcia de reestruturar os serviços para que estes funcionem de forma mais autónoma, mais célere e com maior delegação de competências possível”, acrescentando que tem “ficado feliz com também com o espírito de entreajuda da autarquia, porque sem a parte interna estar resolvida, dificilmente conseguimos concluir com sucesso o que temos previsto para a parte externa.”
O autarca revelou também nesta entrevista que “vamos ter uma revisão em alta do valor que estava previsto para a construção da extensão de Saúde da Granja, relativamente ao PRR, sendo que continuamos a ter o um problema com a falta de médicos de família, pelo que estamos a lançar um programa de apoios para tentar fixar profissionais de saúde no concelho”
Nas palavras proferidas, João Fortes lamentou que “devido à curta dimensão do mercado doméstico, Mourão tem um preço que é alto de água apesar ainda estarmos a disponibilizar água abaixo do valor que a ERSAR nos indica”.
Sobre novos projetos, o edil revelou que “em breve surgirão projetos interessante para a população, como a colocação de um relvado sintético que não existia num atual ringue de futebol, será o primeiro relvado sintético do município. Teremos também, ao abrigo do PRR, uma medida importante para o Agrupamento de Escolas, para a sede do Agrupamento de Escolas, com a inclusão de um elevador que dará acesso do rés do chão ao primeiro andar para alunos com mobilidade reduzida, num investimento de cerca de 17 mil euros.”
João Fortes congratulou-se ainda com o facto de “neste ano e meio conseguimos gerir o município reduzindo o nosso passivo, reduzindo a dívida global. Reduzimos sensivelmente no ano a dívida global em 700 mil euros e temos conseguido gerir o município sem contrair novos empréstimos.”
Nesta entrevista o autarca de Mourão alertou para “obras que ficaram para trás”, frisando que “estamos a fazer um esforço enorme para arrancar com a empreitada do Cineteatro, da qual fizemos uma rescisão amigável. Foi uma obra adjudicada em 2016, iniciada 2018 e passados todos estes anos, está como está”.
Sobre as obras paradas no concelho e que transitaram do mandato anterior, João Fortes explicou que “aquilo que encontrámos assim que chegámos à Câmara Municipal foi, de facto, nesta gestão administrativa e contabilística e inerente às empreitadas, uma trapalhada, porque foram sendo pagos autos de medição sem estarem devidamente validados pelos técnicos”, acrescentando que “houve um excessivo laxismo ao permitirem-se adiantamentos sem que antecipadamente já estivessem concluídos os trabalhos que deveriam ter estado concluídos, ou seja, deram-se muitas vezes adiantamentos sobre adiantamentos, fazendo com que os empreiteiros ganhassem um grau de conforto que depois, na realidade, se traduziu no facto de não terminar em qualquer uma das empreitadas.”
João Fortes referia-se às obras dos Paços do Concelho, da Biblioteca, do Cineteatro e do cemitério da Aldeia da Luz todas inacabadas, segundo o autarca.