Quinta-feira, Abril 24, 2025

Luís Sequeira aponta notoriedade internacional como prioridade para os Vinhos do Alentejo (c/otos)

Luís Sequeira assumiu esta segunda-feira a presidência da Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA), com a ambição de reforçar a projeção internacional dos vinhos da região e unir os agentes económicos em torno de uma estratégia comum de valorização.

Na sua primeira intervenção pública após a tomada de posse, que decorreu em Évora, o novo presidente da CVRA destacou a importância de aprofundar o reconhecimento externo dos vinhos alentejanos e de consolidar a sua posição no mercado global. «O Alentejo é uma das grandes regiões de vinhos do mundo e é, portanto, uma honra muito grande ter-me sido conferida esta responsabilidade», afirmou. «Estou imbuído deste entusiasmo muito grande para poder desempenhar da melhor maneira possível esta responsabilidade».

O novo líder da CVRA reconheceu que, apesar da notoriedade já alcançada, há ainda margem de crescimento. «Os vinhos do Alentejo têm notoriedade. Se é suficiente? Nunca será suficiente. Estamos perante uma realidade em permanente mutação e é importante que saibamos adaptar-nos a ela», afirmou, sublinhando a necessidade de «nunca ficarmos satisfeitos com o que temos».

Luís Sequeira referiu que, nos últimos três anos, a quota das exportações em volume desceu de 28% para 24%, mas reiterou o potencial do setor: «O caminho da internacionalização está longe de estar esgotado. Essa é uma das prioridades que os vinhos do Alentejo vão continuar a trilhar». O objetivo, afirmou, é «crescer em valor», mesmo que a quantidade exportada não aumente ao mesmo ritmo: «Temos de ombrear com outras regiões vitivinícolas do mundo mais conceituadas».

A autenticidade dos produtos foi outro aspeto sublinhado, com destaque para os Vinhos de Talha. «Somos uma das duas únicas regiões em todo o mundo que produzem vinhos de talha, e isso torna-nos claramente únicos», disse. «Além disso, as oito sub-regiões do Alentejo têm características próprias que as tornam diferenciadoras. O facto de uma mesma denominação de origem possuir esta diversidade não a enfraquece, torna-a mais rica».

O novo presidente da CVRA apontou também a sustentabilidade como um dos pilares da estratégia regional. «O Alentejo pratica e promove a sustentabilidade há muitos anos. Ainda antes de se falar de sustentabilidade como hoje se conhece, já havia certificação nesta região», referiu, acrescentando que o Programa de Sustentabilidade dos Vinhos do Alentejo é uma referência no setor.

A sua visão para o futuro passa por uma atuação coordenada entre produtores, técnicos e instituições, numa lógica de “jogo de soma positiva”. «A CVRA tem uma função importante de certificação, de controlo e de promoção, mas também deve criar uma dinâmica que permita aos agentes económicos ter sucesso. Quanto melhor o desempenho de cada agente económico, melhor para toda a região», frisou.

Luís Sequeira concluiu a sua intervenção com uma metáfora sobre os desafios do setor. «Os mercados funcionam quase como uma passadeira rolante em sentido contrário. Se pararmos, rapidamente voltamos ao ponto de partida. O Alentejo tem músculo para manter o passo estudado, mesmo com a passadeira a andar contra nós», declarou.

A Comissão Vitivinícola Regional Alentejana foi criada em 1989 e tem sede em Évora. É responsável pela certificação, promoção e defesa da Denominação de Origem Alentejo (DOC Alentejo) e da Indicação Geográfica Alentejano. A região representa cerca de 40% do valor total das vendas de vinhos certificados em Portugal e tem uma área de vinha de 23,3 mil hectares, sendo que 30% da produção é destinada à exportação, principalmente para o Brasil, Suíça, Estados Unidos da América, Reino Unido e Polónia.

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