Cerca de meia centena de professores manifestaram-se esta manhã à porta da Escola Secundária Públia Hortência de Castro, em Vila Viçosa, para novamente exigirem melhores condições de trabalho e a valorização da escola pública.
“Estamos aqui a reivindicar que nos entreguem aqueles anos que nos foram roubados da carreira, porque trabalhámos, porque descontámos para eles, essa é uma das reivindicações que até já é muito antiga e estivemos adormecidos durante um tempo”, disse a’ODigital.pt, Ana Paula Alpalhão, professora no estabelecimento de ensino.
“Chegámos a um momento em que estamos extremamente cansados. Já chega! Já chega de sermos esquecidos, já chega de sermos explorados, já chega de sempre deslocados, maltratados todos os dias e depois diariamente temos medidas novas, papéis para tratar, novas orientações, decretos, despachos e não aguentamos mais”, acrescentou.
Já sobre as negociações que já decorrem entre Sindicatos e Governo, Ana Paula Alpalhão referiu que “o que está em cima da mesa até agora, diz respeito somente aos concursos, ao processo de contratação que é extremamente importante, mas queremos mais, no fundo queremos uma melhor escola”.
Questionada sobre o que tem falhado, nos últimos anos, nas negociações entre Sindicatos e o Governo, a professora afirmou que “tem falhado a capacidade do governo de nos ver como qualquer outro tipo de trabalhador e neste caso falamos de trabalhadores qualificados que merecem respeito e por isso chegou um momento em que nós temos que pensar mais em nós próprios.”
Já sobre o facto de com estas greves muitos alunos ficarem sem aulas, Ana Paula Alpalhão disse-nos que “os pais vão compreender-nos, até porque certamente querem um ensino de qualidade, pois, tentaremos a todo o custo que os seus filhos não saiam prejudicados. Nós conseguimos estar dois anos em casa por causa da pandemia e tentámos fazer o melhor que podíamos por isso agora também vamos”.
“Mas com esta concentração em Vila Viçosa queremos também demonstrar o nosso desagrado com a falta de condições nesta escola, pois por fora é muito bonita, mas por dentro os miúdos têm que trazer cobertores dado o frio que passamos na sala de aula, que é como se estivéssemos na rua e a Parque Escolar nada tem feito para resolver esta situação, pelo que, queremos também demonstrar a nossa revolta, porque há dinheiro para tudo menos para melhorar as nossas condições de trabalho”, frisou Ana Paula Alpalhão.
Presente nesta concentração esteve o presidente da Câmara Municipal de Vila Viçosa, Inácio Esperança, que também é professor e que se solidarizou com os professores, tendo dito a’ODigital.pt, que “as reivindicações dos professores são completamente legitimas, porque estar estes anos todos com as carreiras congeladas não é justo, quando vimos outras carreiras profissionais ligadas ao estado não terem este problema. Depois, a falta de condições para que os novos docentes possam integrar a carreira é outro dos problemas, por isso acho que chegou o momento de dizer ao Governo para olhar para esta situação e ver que, de facto, a classe dos professores também merece alguma atenção e nomeadamente esta questão dos professores contratados tem que ser efetivamente resolvida.”
“São problemas que se prologam há muitos anos e os professores nunca deixaram de lutar por eles, mas agora com mais visibilidade, porque se está a sentir uma grande afronta por parte do Governo aos professores”, disse Inácio Esperança.
Fique de seguida com as imagens desta manifestação, numa reportagem de Hugo Calado:





















