Évora celebrou, esta segunda-feira, o 38.º aniversário da sua classificação como Património Mundial pela UNESCO. O evento, realizado no Palácio de D. Manuel, foi marcado pela atribuição da medalha de ouro da cidade a Abílio Fernandes, antigo presidente da Câmara Municipal, que liderou a candidatura vencedora em 1986.
Carlos Pinto de Sá, presidente da Câmara Municipal de Évora, destacou a importância da homenagem, sublinhando o papel determinante de Abílio Fernandes no desenvolvimento da cidade. «Abílio Fernandes é justamente homenageado neste 38.º aniversário da classificação de Évora como Património da Humanidade. A medalha que recebe é o reconhecimento do seu trabalho e do esforço coletivo que transformou Évora numa cidade de referência», afirmou.
Abílio Fernandes, que esteve à frente da autarquia durante 25 anos consecutivos, foi descrito como «um símbolo do poder local democrático». Pinto de Sá enalteceu o legado do antigo presidente, que soube «assumir uma missão de construção e desenvolvimento de Évora, assente em princípios como a defesa dos direitos do povo, a proximidade ao cidadão e o respeito pela identidade da cidade».
O atual presidente relembrou o impacto da candidatura liderada por Fernandes, destacando o caráter inovador do processo. «Foi uma candidatura visionária, que propôs a classificação do conjunto histórico da cidade, em vez de monumentos isolados. Este trabalho audaz foi determinante para garantir a classificação de Évora pela UNESCO», referiu.
A cerimónia também foi uma oportunidade para relembrar outras figuras que contribuíram para este marco, como Túlio Espanca, Jorge Silva e Filipe Marcha, que, segundo Pinto de Sá, «representam o espírito de trabalho coletivo que marcou a candidatura de Évora».
Carlos Pinto de Sá destacou que a classificação como Património Mundial trouxe um «salto qualitativo no desenvolvimento de Évora», com benefícios diretos para áreas como a cultura, o turismo e a economia local. «Évora ganhou prestígio e visibilidade, afirmou-se como um destino turístico de excelência e reforçou a identidade alentejana», afirmou.
Contudo, o autarca reconheceu os desafios que permanecem, como o despovoamento do centro histórico e o envelhecimento das infraestruturas. «Precisamos de travar e inverter a saída de residentes. Para tal, são necessárias políticas nacionais que acompanhem as iniciativas municipais», defendeu. Pinto de Sá reforçou ainda a necessidade de compatibilizar a preservação patrimonial com as exigências modernas. «O futuro do centro histórico exige equilíbrio entre identidade e inovação, mantendo sempre a qualidade de vida da população como prioridade.»
Durante o evento, foi destacado o esforço contínuo da autarquia na reabilitação do centro histórico, com intervenções em mais de 170 edifícios por ano e a recuperação de espaços emblemáticos como o Teatro Garcia de Resende, o Salão Central Eborense e os Paços do Concelho.
Ao encerrar a cerimónia, Pinto de Sá salientou o papel contínuo de Abílio Fernandes na defesa de valores democráticos e do poder local. «O nosso Abílio, como todos carinhosamente o chamam, é um exemplo de dedicação à causa pública. Recebe esta medalha de forma individual, mas ela representa o reconhecimento de todo o trabalho coletivo que ajudou a transformar Évora numa cidade melhor e mais justa.»
A celebração reafirmou a relevância de Évora como exemplo de preservação patrimonial e desenvolvimento sustentável, destacando o contributo fundamental de Abílio Fernandes para este legado que perdura no tempo.
Fique com as imagens desta cerimónia, numa reportagem de Hugo Calado: