O centenário paredão da barragem de Póvoa e Meadas, em Castelo de Vide (Portalegre), requer “uma intervenção estrutural” para eliminar “fragilidades” que podem comprometer o abastecimento a oito concelhos, reclamou o presidente da câmara local.
O presidente do Município de Castelo de Vide, António Pita, disse à agência Lusa que “toda a gente sabe”, assim como “todas as entidades competentes sabem”, que a barragem precisa de uma “intervenção estrutural” ao nível do paredão, sendo este um investimento de “vários milhões de euros”.
O problema no paredão “está diagnosticado” e a “EDP e a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) têm estudos” sobre este problema, precisou.
António Pita lamentou que “ninguém responda” ao município sobre porque é que “não se faz uma intervenção” naquela albufeira para precaver problemas que possam vir a surgir.
“Nós, neste momento, estamos a desperdiçar água porque, efetivamente, o paredão apresenta fragilidades que ainda não foram resolvidas”, disse.
A barragem de Póvoa e Meadas abastece as populações dos concelhos de Nisa, Avis, Crato, Gavião, Alter do Chão, Fronteira, Sousel e Ponte de Sor, no distrito de Portalegre.
De acordo com o autarca, os problemas no paredão são “fruto da [sua] antiguidade”, pois, trata-se de uma barragem que “tem 100 anos”, sendo uma “estrutura fundamental” para o armazenamento de água na região.
Na sequência do mau tempo registado naquela região, na terça-feira, o município interditou a passagem no caminho municipal 1007, pelo troço que passa por cima do paredão da barragem, e procedeu à sua reabertura na quinta-feira.
A decisão de interditar este caminho prendeu-se com o facto de ter sido “ultrapassada a quota de segurança da albufeira”, o que “colocou em causa a segurança do paredão”, disse o autarca.
Segundo António Pita, a medida foi tomada depois de uma visita ao local de um conjunto de técnicos da APA, EDP e da empresa Águas de Portugal.
“Ao final do dia [quarta-feira] o vice-presidente da APA ligou-me a dizer que a vistoria já tinha sido feita por técnicos da EDP e da APA e que o paredão garantia que toda a circulação se podia fazer, na medida em que, estruturalmente, apresentava um bom comportamento”, relatou.
A Lusa questionou a APA, por correio eletrónico, em relação a esta situação, tendo esta entidade indicado que promoveu, na quinta-feira, com o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), uma inspeção às condições atuais do nível da albufeira.
De acordo com a APA, não foram identificadas anomalias que “comprometam” a segurança da barragem.
“No seguimento dos contactos efetuados entre a Câmara Municipal de Castelo de Vide e a APA, foi na quinta-feira levantado corte da estrada de acesso à barragem”, pode ler-se na resposta.
A APA acrescentou ainda que “mantém o acompanhamento” da obra e da evolução das condições meteorológicas e de escoamento naquela barragem.
Para António Pita, enquanto não for efetuada uma intervenção no paredão, existe a “chamada cota de segurança” que “impede” que a barragem atinja o seu nível máximo de armazenamento de água, ficando dessa forma “muito aquém” de se “maximizar e otimizar” para servir a região.