Sábado, Abril 1, 2023
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Afonso, o aluno que exigiu “respeito” pelos professores na manifestação em Portalegre

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Afonso Martim, aluno do sétimo ano numa escola de Portalegre, foi um dos poucos estudantes que, “por respeito”, trocou hoje o dia sem aulas para se juntar à luta dos professores e educadores naquela cidade.

Em plena Praça da República, em Portalegre, local escolhido para receber os docentes das escolas de todo o distrito que aderiram à greve, o jovem aluno da Escola Mouzinho da Silveira disse à agência Lusa que se juntou à manifestação por reconhecer o trabalho que os professores têm nas escolas.

“Eu sei o trabalho que os professores têm e o tempo que não têm para os filhos e merecem mais respeito”, disse, sem antes sublinhar que o bem-estar dos professores “também contribuiu muito” para a qualidade do ensino no país.

A manifestação reuniu na Praça da República em Portalegre professores que lecionam nas escolas dos 15 concelhos que compõem aquele distrito, tendo, depois, os docentes desfilado pela Rua do Comércio até ao rossio da cidade, para manifestar o descontentamento da classe.

Ainda na Praça da República, os professores empunhavam cartazes e entre apitos e buzinas, entoaram palavras de ordem: “Não paramos, não paramos” ou “A escola unida jamais será vencida”.

Nos cartazes que empunhavam era possível ler, entre outros “recados” ao Governo, “Há tanta coisa errada que nem cabe neste cartaz” ou “Os professores acordaram, habituem-se”.

Enquanto os discursos dos dirigentes sindicais não iniciavam, a professora Joana Cruz, natural de Arouca (Aveiro) e a lecionar na Escola Secundária de Campo Maior lamentava à Lusa os “700 quilómetros” que tem de fazer para exercer a sua profissão.

“Durante uma semana faço 700 quilómetros [ida e volta] para ir dar aulas. Sou professora há cerca de 10 anos e a minha situação é precária porque não temos ajudas de custo, nem deslocação, nada”, lamentou.

Joana Cruz alertou que a classe dos professores “não é valorizada”, defendendo que deveria estar “contemplado o critério da residência” para que os professores possam ter outras condições.

“A morada fiscal do cartão do cidadão devia ser um critério, para além da média dos professores ser contemplada na valorização do concurso para os professores”, defendeu.

Há mais de 10 anos a lecionar, tendo já lecionado em várias escolas no país, mas também em Timor e na Guiné-Bissau, Mário Alfaia, natural de Portalegre, lamentou à Lusa continuar como professor contratado.

“Este ano tive a felicidade de ficar em Portalegre, embora ainda sem horário completo, aquela medida do Governo para vinculação não tenho direito a ela, porque não tenho horário completo, tenho 20 horas”, disse.

Para Mário Alfaia “todos os anos é uma preocupação e uma incerteza” sobre o local onde vai dar aulas e com quantas horas irá ficar para poder exercer a sua profissão.

Segundo o presidente do Sindicato de Professores da Zona Sul (SPZS), Manuel Nobre, a adesão à greve no distrito de Portalegre, convocada por uma plataforma de sindicatos que inclui a Federação Nacional de Professores (Fenprof) ficou “acima dos 90%”.

“Nós temos uma quantidade expressiva de escolas com 100% de adesão à greve, outras sem aulas, o que espelha bem o que é o descontentamento não só dos professores de Portalegre, mas daquilo que tem sido nos últimos dias, as últimas semanas, um pouco por todo o país, que é o forte descontentamento”, sublinhou.

Em declarações à Lusa, o secretário-geral adjunto da Fenprof, José Costa, aproveitou a ocasião para criticar a entrevista do primeiro-ministro, António Costa, na segunda-feira, à RTP.

“Disse que o Governo estava na negociação de boa-fé e disse que tinha feito uma revolução na carreira dos professores, ainda não demos por nada”, disse.

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