Desde que se iniciou o projeto de construção da nova linha de ferrovia do Corredor Internacional Sul que liga Sines ao Caia, que os sete municípios da Zona dos Mármores e Alqueva (Alandroal, Borba, Estremoz, Redondo, Reguengos de Monsaraz, Sousel e Vila Viçosa) reivindicam um terminal de cargas e descargas localizado próximo de Alandroal.
Em abril de 2022 foram apresentados os resultados preliminares de um estudo de viabilidade técnica e económica da construção de um terminal de carga e descarga de mercadorias na zona da Estação Técnica nº 2 (Alandroal/Vila Viçosa) da nova linha.
Um estudo que resulta duma parceria entre a IP – Infraestruturas de Portugal, S.A. e sete municípios da Zona dos Mármores e Alqueva (Alandroal, Borba, Estremoz, Redondo, Reguengos de Monsaraz, Sousel e Vila Viçosa), tendo os custos sido suportados em 50% pela IP e 50% pelos municípios.
Em abril, os resultados preliminares demonstram já que, uma vez construído, o projeto pode ter interesse para um possível operador, uma vez que a viabilidade está assegurada pelas principais indústrias da região, com destaque para os mármores e os projetos de produção de hidrogénio verde, mas podendo estender-se a outros produtos uma vez criada a oferta e será ainda complementado com os contributos de novos projetos que estão em desenvolvimento nos sete municípios envolvidos.
Apesar da viabilidade confirmada pelo estudo, o desejado terminal de carga e descarga de mercadorias ainda é só uma hipótese, com o presidente da Câmara de Alandroal a afirmar que “se não conseguirmos que se realizem os investimentos necessários e se não se fizerem os terminais onde eles têm viabilidade, passaremos os dias só a ver passar comboios e isso seria desastroso para a região.“
Em declarações a’ODigital.pt o presidente da Câmara Municipal de Alandroal garantiu que “neste momento os empresários dos mármores estão envolvidos também neste projeto, têm dado contributos para o estudo e esses contributos com certeza que na versão final vão refletir a importância do setor e a importância que existe para um setor que precisa de se reinventar, precisa de se renovar e precisa de se adaptar aos novos tempos.”
João Grilo deixou claro que “o conjunto de atividades industriais e agrícolas da região viabiliza o interesse económico de um terminal e neste momento é que nós temos. Temos um estudo em conclusão que diz que há viabilidade técnica, ou seja, do ponto de vista técnico é fácil construir, que há viabilidade económica quando for desenvolvido, mas aí temos de ter privados envolvidos, porque se não houver um privado envolvido na exploração, estaremos apenas a criar um elefante branco”.
O autarca adiantou que “há viabilidade para a construção do terminar se conseguirmos enquadrar fundos públicos e privados e é por isso que acho que neste momento já existe vontade política local dos sete municípios envolvidos, vontade política regional da CCDR, que se compromete connosco neste desígnio e até temos o compromisso da IP, que connosco está disponível e está a colaborar para encontrar as soluções junto dos privados e, portanto, envolvendo o Governo com quem estamos a conversar e a tentar encontrar soluções”.
Questionado se o que falta é vontade política para avançar com o projeto, João Grilo referiu que “neste momento não faltam vontades, falta é sentar toda a gente na mesma mesa, que é aquilo que eu me proponho. Assim que estes sete municípios tiverem o estudo final nas suas mãos, vamos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para sentar toda a gente na mesma mesa e só sair de lá com decisões, que é o que as populações exigem e é aquilo que nós precisamos para o território”, acrescentando que “neste momento, o Governo oscila entre verbas nacionais e regionais, pelo que, andamos a conversar de forma que quando tivermos o estudo final, alguém vai ter que encontrar soluções para avançarmos.”
Já sobre o possível interesse de privados na exploração do terminal, João Grilo garantiu que “há abordagens aos privados bastante positivas, mas tudo depende do investimento que for necessário fazer, mas acredito que pode haver soluções.”
“Se houvesse o cumprimento de todos os prazos, faltaria pouco tempo para o comboio começar a circular, mas também é possível que comece a curto prazo, mas acho que seria mau para a região que o comboio comece a circular sem estar definido onde é que há passageiros, onde é que há carga ao longo de toda esta linha”, frisou o edil alandroalense, que acrescentou “que quanto mais partido se tirar desta linha, melhor para toda a região, portanto, é o momento de tomar decisões!”
João Grilo concluiu referindo que “se não se realizarem os investimentos necessários, se não se fizerem os terminais onde eles têm viabilidade, se não se criar as paragens para passageiros, onde também existe essa possibilidade, com certeza que passaremos os dias só a ver passar comboios e será absolutamente inaceitável para as pessoas e para a região que não se avançasse com a construção, com todos os fundos que temos à nossa disposição, com todos os estudos que demonstram a viabilidade. Seria desastroso para o território se não houver esse aproveitamento”.